sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Vale prevê ciclo de até 20 anos de alta do minério


Para diretor da mineradora, maior consumo de insumos básicos por países emergentes é uma das causas desse cenário de demanda mais aquecida

    O ciclo de alta no preço do minério de ferro deve durar mais 15 a 20 anos. A previsão otimista foi feita ontem pelo diretor de Relações com Investidores da Vale, Roberto Castelo Branco, durante seminário promovido pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec-Rio).
    Marcos D'Paula/AE - 24/7/2008
    Marcos D'Paula/AE - 24/7/2008
    Produção. Terminal da Vale no porto de Sepetiba, no Rio: empresa vai dobrar investimentos

    Segundo ele o setor vem se beneficiando do reaquecimento da demanda chinesa por matérias-primas, intensificado desde meados de 2010. Para o executivo, esse quadro não deve se modificar ao longo do primeiro semestre.

    Além disso, destacou, o maior consumo de insumos básicos por países emergentes contribui para esse cenário de demanda mais aquecida. "O herói da economia mundial é o consumidor dos países emergentes", afirmou.
    Outro ponto que reforça a teoria de Castelo Branco é o anúncio de mais investimentos ao redor do mundo. O próprio orçamento da Vale para este ano prevê um desembolso recorde de US$ 24 bilhões, quase o dobro dos US$ 12,9 bilhões em 2010.

    Chuvas. Em sua palestra, Castelo Branco contou que o grande volume de chuvas que castigou o Brasil e a Austrália em janeiro ajudou a impulsionar o preço das matérias-primas no curto prazo. Por conta das enchentes, a Vale deixou de embarcar 600 mil toneladas de minério de ferro no Brasil e 500 mil toneladas de carvão na Austrália.

    De acordo com o diretor da empresa, o impacto das perdas foi expressivo no segmento de carvão. "Calculamos ter perdido cerca de 500 mil toneladas. Isso é uma perda significativa, já que representa quase 10% da produção prevista para o ano", revelou. Esta queda na produção fez o preço do insumo subir de um patamar em torno de US$ 200 para US$ 350 a tonelada.

    Já no caso do Brasil, Castello Branco disse que os atrasos nos embarques motivados pela chuva não terão impacto tão relevante sobre o mercado de minério de ferro, visto que representa uma parcela muito pequena da produção prevista para a companhia em 2011, que é de 311 milhões de toneladas.

    O executivo lembrou que a disparada no preço do carvão vem motivando as empresas a buscarem alternativas para diminuir o custo de produção. Uma das alternativas, pondera, é o maior uso de minério de ferro de alta qualidade, como o produzido pela Vale. "Uma possível consequência é um aumento no preço do minério de ferro de alta qualidade", afirmou.

    Monica Ciarelli - O Estado de S.Paulo



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