
RIO - O empresário Eike Batista defende a ideia de que, após o acidente na usina nuclear no Japão, em Fukushima, o mundo passará a valorizar mais a energia elétrica gerada a partir do uso de carvão. Ele acredita na possibilidade de desenvolvimento, dentro de 3 a 5 anos, de uma tecnologia capaz de captar o carbono emitido pela queima do carvão, sem que seja enviado à atmosfera.
“Acredito que o mundo, depois do acidente do Japão, vai trazer o carvão com força total e criar tecnologia para sequestrar o carbono. O acidente nuclear foi de tal ordem que teve consequências insolúveis. Se os alemães estão saindo desse setor, é porque é complicado tentar dominar algo indominável”, disse Eike.
Após o acidente, a expectativa é de que haja uma elevação do nível de exigências para novos projetos de energia nuclear. Segundo o empresário, isso elevará tanto os custos para a construção de uma planta nuclear que a “conta ficará impagável”.
Eike classificou as usinas nucleares como um “monstro” e disse que as usinas de Angra dos Reis “infelizmente estão muito perto do Rio de Janeiro”. “Graças a Deus o Brasil não tem terremoto, nem tsunamis. Mas tem deslizamentos. Imaginou ter que evacuar o Rio de Janeiro? É um problema, é inacreditável. As duas maiores cidades do Brasil, Rio e São Paulo, estão no raio de influência das usinas”, disse.
Por isso, o empresário acredita que a solução vai ser uma tecnologia para sequestrar carbono de plantas termelétricas, tanto de carvão como inclusive de gás, já que o Brasil vai ampliar sua produção sensivelmente nos próximos anos.
A expectativa é que a energia eólica e a solar sejam somente complementares da termelétrica. “Não temos sol nem vento o tempo inteiro. Então, sem a carga básica não se monta um parque energético. Não vamos escapar das térmicas. O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) vai despachar térmicas ‘full time’, senão não produz esse petróleo (das recentes descobertas), porque não será mais possível queimar”, disse Eike.
(Juliana Ennes | Valor)
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