Os juros futuros sobem com
apostas de que o Banco Central vai acelerar a alta da taxa
básica na reunião de política monetária da semana que vem. A
possibilidade de um “BC mais duro” contra a inflação ajuda o
dólar a recuar diante do real após quatro altas consecutivas.
O petróleo chegou a passar de US$ 100 em Nova York com o
receio de queda da exportação pela Líbia. A alta da commodity
contribui para que as ações da Petróleo Brasileiro SA avancem
pelo quinto dia seguido. A Vale SA divulga balanço após o
fechamento.
Às 14:189 este era o desempenho dos principais índices:
*T
S&P 500 -0,41% Dow Jones -0,50%
Nasdaq +0,05% FTSE 100 -0,06%
Ibovespa +0,37% BM&FBovespa Small Cap -0,09%
*T
Internacional: Petróleo sobe com crise política na Líbia
O petróleo chegou a subir hoje para mais de US$ 100 o
barril em Nova York com o receio de que o conflito na Líbia
reduzirá a exportação do terceiro maior produtor da commodity na
África.
A rebelião contra o líder Muammar Qaddafi pode ter custado
um milhão de barris diários de produção para o país, disse o
Barclays Capital. Qaddafi mantém o poder na capital Trípoli,
enquanto rebeldes controlam o leste líbio, segundo testemunhas.
O petróleo acentuou os ganhos após o Departamento de
Energia americano divulgar relatório mostrando que os estoques
do produto no país aumentaram em 822 mil barris na semana
passada, abaixo dos 1,1 milhão esperados.
O índice Stoxx Europe 600 cai pelo quinto dia, levando as
bolsas europeias ao mais longo período de baixas desde outubro.
As bolsas americanas operam sem tendência única.
O iene e o franco suíço sobem contra a maioria das outras
moedas, diante da busca por segurança nos investimentos. O euro
tem a segunda alta contra o dólar com expectativa de que o Banco
Central Europeu subirá os juros antes do banco central americano
para conter a inflação.
Os títulos do Tesouro dos EUA sobem, baixando os juros, com
a queda das bolsas e a violência na Líbia elevando a demanda por
ativos considerados como mais seguros.
O cobre reverteu a queda registrada mais cedo e sobe com
sinais de aumento da demanda nos EUA e China, os dois maiores
consumidores mundiais do metal.
Os novos pedidos de seguro-desemprego nos EUA caíram mais
do que o previsto na semana passada para 391.000, ante a
estimativa mediana de 405.000 apontada em pesquisa Bloomberg. Os
pedidos de bens duráveis subiram 2,7 por cento em janeiro, após
queda de 0,4 por cento em dezembro, ante estimativa mediana de
alta de 2,8 por cento. As vendas de moradias novas nos EUA
caíram mais do que o estimado em janeiro, para 284.000, ante
325.000 em dezembro.
Bolsa: Ibovespa resiste em alta com petróleo e novos balanços
O Ibovespa opera em alta, pelo segundo dia seguido
sustentado pelas ações das empresas produtoras de petróleo e a
valorização da commodity nos mercados internacionais,
acompanhando as tensões na Líbia.
Às 14:15, o principal indicador da bolsa brasileira subia
0,34 por cento, para 67.139 pontos, puxado principalmente pelas
ações preferenciais da Petróleo Brasileiro SA, OGX Petróleo &
Gás Participações SA e Vivo Participações SA.
A Vivo divulgou hoje pela manhã que o lucro líquido do
quarto trimestre de 2010 mais o que quadruplicou em relação ao
mesmo período do ano anterior e ficou 64 por cento acima da
média das expectativas de seis analistas ouvidos pela Bloomberg.
A empresa, com sede em São Paulo, registrou lucro líquido
de R$ 864,2 milhões nos últimos três meses de 2010, contra R$
203,3 milhões no mesmo período de 2009, segundo comunicado
enviado à Comissão de Valores Mobiliários.
“No geral, os balanços que estão sendo divulgados têm
mostrado bons resultados, com poucas exceções”, disse Rodrigo
Mello, gestor de renda variável da Oren Investimentos, que
administra R$ 290 milhões no Rio de Janeiro. “Essa incerteza
vinda da Líbia ainda pode piorar o cenário para bolsa no Brasil,
caso aconteça um contágio para outros países de maior peso na
produção mundial de petróleo.”
As maiores altas do Ibovespa eram Klabin SA, com 4,8 por
cento, e Vivo, também com 4,8 por cento, às 14:18. As quedas
eram lideradas pelas ações preferenciais da Telemar Norte Leste
SA, seguidas pelas da Tele Norte Leste Participações SA e
Metalúrgica Gerdau SA.
Juros: DI sobe com aposta em “BC mais duro” contra inflação
Os juros nos mercados futuros disparam nos contratos até
abril de 2013 e caem nos vencimentos mais longos com o aumento
das apostas de que o Banco Central poderá ampliar o ritmo do
aperto monetário para assegurar um controle mais rápido da
inflação e permitir juros menores no futuro.
A probabilidade de uma alta de 0,75 ponto na reunião do
Comitê de Política Monetária da próxima semana aumentou hoje
para cerca de 65 por cento, segundo dados compilados pela
Bloomberg com base nos contratos de juros futuros. A Selic subiu
0,5 ponto no Copom de janeiro.
Uma alta mais expressiva da taxa básica agora poderia
antecipar a queda da inflação e permitir que um futuro alívio
monetário ocorra mais cedo, disse Antônio Madeira, economista da
MCM Consultores Associados Ltda.
“Com um BC mais duro agora, a inflação convergiria para a
meta mais rapidamente” disse ele em entrevista por telefone de
São Paulo.
O mercado estima que a inflação ao consumidor será de 5,79
por cento em 2011 e de 4,78 por cento em 2012, segundo pesquisa
Focus do BC divulgada nesta semana. Os dois números superam o
centro da meta perseguida pelo BC, de 4,5 por cento.
O governo já admite, em conversas internas, a possibilidade
de o BC aumentar a Selic em 0,75 ponto percentual na reunião da
próxima semana para recuperar a credibilidade perdida no combate
à inflação, disse hoje o Valor Econômico, sem citar como obteve
as informações.
Segundo Luis Otávio de Souza Leal, economista-chefe do
Banco ABC Brasil SA, as apostas em um aperto monetário mais
forte começaram a crescer ontem após declarações do chefe do
departamento econômico do Banco Central, Altamir Lopes. Lopes
disse que o País vive um descompasso entre oferta e demanda.
“O aumento da Selic vem para corrigir o excesso de
demanda”, disse Lopes em audiência no Senado para a confirmação
de seu nome para a diretoria do BC.
“As declarações deram ênfase à Selic”, disse Souza Leal
em entrevista por telefone de São Paulo.
A alta do petróleo também traz riscos inflacionários e
ajuda a trazer pressão aos juros, segundo Felipe Brandão,
analista para mercados emergentes da ICAP Brasil.
“Com a demanda aquecida, o petróleo representa uma pressão
adicional para a inflação”, disse ele em entrevista por
telefone de São Paulo.
DI Janeiro 2012: +13 pontos-base, para 12,60%, às 14:19
DI Janeiro 2013: +7 pontos-base, para 12,80%, às 14:19
Câmbio: Dólar recua com mercado externo e alta dos juros
O dólar recua após quatro altas seguidas, refletindo o
aumento das apostas na aceleração da alta dos juros domésticos,
que podem atrair mais recursos para o País. A moeda americana
também se desvaloriza em outros mercados.
“Quanto maior os juros, maior a pressão para valorizar o
real”, disse Brandão, da ICAP Brasil.
O BC realizou um leilão de compra de dólar à vista nesta
manhã. Ontem, a instituição realizou dois leilões de compra de
dólar a termo e dois no mercado à vista.
“Embora seja uma moeda de reserva, o dólar está perdendo
para a maioria das demais moedas”, disse Souza Leal, do Banco
ABC Brasil SA.
Dólar: -0,68%, para R$ 1,6627, às 14:20
Por Josué Leonel e Felipe Frisch
24 de fevereiro (Bloomberg)
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