terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Bric vira 'mercados em crescimento

Goldman Sachs cria novo grupo, que inclui México, Indonésia, Turquia e Coreia


LONDRES. Os países do chamado Bric - grupo de economias emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China - vai ganhar companhia. Jim O"Neill, presidente de Asset Management do Goldman Sachs, que criou o termo Bric em 2001, quer que a eles se juntem México, Indonésia, Turquia e Coreia do Sul. O novo grupo se chamaria "mercados em crescimento".

Em entrevista ao diário britânico de negócios "Financial Times" ("FT"), publicada ontem, O"Neill afirmou que "é patético chamar esses quatro (os Bric) de emergentes". Ele vai apresentar formalmente o grupo em estudo a ser publicado ainda este mês.

Considerando o novo conjunto de países, o também britânico "Guardian" brincou que o grupo poderia se chamar "Bric"n" Mitsk", juntando as primeiras letras de cada um (em inglês). Já o jornal turco "Hürriyet Daily News" citou nota do analista do Royal Bank of Scotland Timothy Ash, na qual ele elogia o reconhecimento do sucesso econômico da Turquia. Ash propõe outra sigla: Mitbrick.

A ideia de O"Neill, segundo o "FT", é usar novas maneiras para medir a exposição dessas economias aos mercados de ações, sem se ater apenas ao valor de mercado das empresas. Assim, seriam usados, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos em um país), a expansão do lucro das empresas e a volatilidade dos mercados locais.

O"Neill disse ao jornal que alguns mercados emergentes devem ser tratados como tal porque são pequenos e não têm liquidez. "Mas qualquer economia dos mercados emergentes que já responda por 1% ou mais do PIB global, e que tenha potencial para aumentar essa proporção, deve ser tratada com seriedade", afirmou.

Segundo o "FT", México e Coreia do Sul respondem por 1,6%, cada, do PIB global. Turquia e Indonésia representam 1,2% e 1,1%, respectivamente. Para efeito de comparação, a China, a segunda maior economia do mundo, responde por 9,3% do PIB global, enquanto os demais Bric - Brasil, Rússia e Índia -, juntos, ficam com 8%.




Colunistas do "FT" minimizam novo termo


Mas o editor de mercados emergentes do "FT", Stefan Wagstyl, ressalta que o termo "mercados em crescimento" não tem nem de longe o apelo de Bric. E lembra que a nova tentativa de O"Neill de criar um sucessor para os Bric terá de enfrentar a concorrência de vários outros termos, como Civets - sigla em inglês criada pelo banco HSBC para Colômbia, Indonésia, Vietnã, Egito, Turquia e África do Sul - e o Eagles - termo cunhado pelo BBVA que significa "principais economias emergentes e em crescimento".

Para Wagstyl, o termo Bric "era uma jogada de marketing", mas pegou e "deu origem a uma série de cúpulas governamentais, fundos de investimento, estratégias de negócio e uma fila de países desesperados para entrar no grupo".


Já Gwen Robinson, do blog Alphaville, do FT.com, afirma que O"Neill "não poderia ficar longe dos holofotes após deixar o cargo de economista-chefe do Goldman Sachs ano passado". Em 2005, ele criou outro termo para economias emergentes, chamado N-11, que não pegou. E a coluna Lex, do mesmo jornal, é categórica: "o mundo não precisa de mais um jargão".


fonte: O Globo

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